Blog da Cartos

Alegria estampada no rosto

November 16, 2022tempo de Leitura: 8 min

Veja como a Operação Sorriso, uma das organizações apoiadas pela Cartos Social, tem transformado vidas e sonhos nestes anos de Brasil.

A história da Operação Sorriso começa em 1982, quando o cirurgião William P. Magee Jr e a enfermeira e assistente social Kathleen S. Magee viajaram dos Estados Unidos às Filipinas com um grupo de médicos para operar crianças com fissura labiopalatina. Ao chegar ao destino, encontraram centenas de crianças e jovens com malformações faciais que poderiam ser resolvidas cirurgicamente, mas a equipe só tinha condições de fazer 40 cirurgias.

De volta aos Estados Unidos, começaram intensa campanha para arrecadar doações de equipamentos e suprimentos cirúrgicos. Logo criaram uma base de captação de recursos e uma equipe de voluntários para retornar às Filipinas e operar mais 100 crianças. No Brasil, a Operação Sorriso chegou 15 anos depois. Atualmente, o projeto atua em 34 países e possui mais de 6 mil voluntários, tendo operado mais de 314 mil crianças e adultos nascidos com fissuras faciais ao redor do mundo.

Segundo Cristina Murachco, diretora executiva da Operação Sorriso no Brasil, o trabalho da organização transforma vidas, pois as cirurgias de correção para as fissuras labiopalatinas vão muito além da questão estética. "Costumamos dizer que transformamos vidas, um sorriso de cada vez", explica. Parte desse trabalho é possível pelo apoio de empresas como a Cartos que, em sua política de responsabilidade social, leva a sério o lema: "Tudo se transforma com um sorriso."

Cristina diz que uma criança nascida com fissura no lábio ou palato (céu da boca) possui dificuldades de amamentação e ingestão de líquidos, o que pode levar à desnutrição. Além disso, apresenta maior tendência de ter infecções de nariz, ouvidos e garganta e, caso não receba a cirurgia e o tratamento na idade adequada, terá a sua fala prejudicada e, consequentemente, mais dificuldades no processo de alfabetização. Acompanhe a entrevista concedida a este blog e confira o trabalho relevante que o projeto faz espalhando sorrisos pelo Brasil e pelo mundo.

1. Qual a principal dificuldade da Operação Sorriso hoje no Brasil, além da pandemia?

Cristina Murachco - Uma das maiores dificuldades é a distância. Temos pacientes e famílias que viajam por dias e até semanas para chegar aos hospitais em que acontecem as nossas missões. Por isso, realizar o acompanhamento pós-operatório é sempre um desafio. Após a cirurgia, realizamos o acompanhamento em três momentos: uma semana, seis meses e um ano após a operação. Isso é fundamental para que os pacientes tenham uma boa evolução no processo cirúrgico. Por isso, estamos implementando e desenvolvendo o teleatendimento. Dessa forma, pacientes e seus familiares não precisam mais se deslocar até o local fixo para ter acesso às consultas com os voluntários nos exames pós-operatórios de 6 meses ou um ano. Encaramos esse desafio como uma oportunidade para desenvolver ainda mais o nosso trabalho, apostando nas novas tecnologias e na cultura de inovação.

2. Quais os principais desafios que o projeto ainda enfrenta?

Cristina Murachco - A fissura labiopalatina ainda é um assunto pouco debatido no Brasil, mesmo com uma taxa de mortalidade de 10% em relação à fissura no palato – uma a cada dez crianças nascidas com fenda palatina morre antes de completar um ano de vida. É preciso que a fissura se torne um assunto mais presente nos debates sociais e políticos do nosso país. Em muitas regiões, o atendimento ainda é precário ou até mesmo inexistente. Estima-se que, no Brasil, uma a cada 650 pessoas nasce com algum tipo de fissura no lábio e/ou palato, ou seja, cerca de 6 mil crianças por ano. O grande problema é que ainda não existem dados e pesquisas oficiais. Portanto, os números podem ser ainda maiores do que o estimado. Quanto mais presente a fissura labiopalatina estiver nos debates na nossa sociedade, maior será o engajamento da população, das empresas e dos nossos governantes.

3. Além das cirurgias, vocês capacitam médicos e profissionais de saúde das regiões atendidas para realizar novos procedimentos em outras crianças e adultos, se for necessário?

Cristina Murachco - Sim, a capacitação dos profissionais da saúde é um dos pilares do nosso trabalho no Brasil e nos outros 33 países em que a Operação Sorriso atua. Realizamos treinamentos e capacitações para profissionais de saúde com o objetivo de ampliar a rede de atendimento nas regiões em que atuamos. Dessa forma, nossos pacientes e as outras pessoas que possuem fissura labiopalatina terão acesso aos tratamentos adequados na sua comunidade.

4. De que forma é feita essa capacitação?

Cristina Murachco - Durante as missões, realizamos treinamentos e cursos presenciais para profissionais da saúde do local e para alunos de universidades, principalmente, de cursos como Fonoaudiologia e Odontologia, que são as especialidades responsáveis pelos tratamentos complementares que acontecem após as cirurgias de correção. Durante as missões também envolvemos residentes, que estão em seu último ano de formação, para participar dos atendimentos. Dessa forma, incentivamos a sua entrada na área da fissura labiopalatina, estimulando que aquele estudante torne-se futuramente um profissional atuante no tratamento das fissuras em sua comunidade. Devido às medidas de restrição impostas pela pandemia de Covid-19, estamos desenvolvendo cursos à distância (EAD), nos quais nossos voluntários, que são referências em suas especialidades, são os professores e palestrantes.

5. Apesar de todas as dificuldades, agravadas pela pandemia, o que os motiva a continuar nessa luta?

Cristina Murachco - Saber que o nosso trabalho vai transformar a vida do nosso paciente, de toda a sua família e da comunidade na qual vive. A cirurgia é só o primeiro passo para uma vida plena. Para muitas crianças e adolescentes, é a porta de entrada para a alfabetização, para a entrada no mercado de trabalho e para a construção de novos relacionamentos pessoais. O nosso trabalho é promover saúde, autoestima e inclusão social. Uma cirurgia de fissura labiopalatina leva, em média, 45 minutos, mas o impacto que ela traz é para a vida inteira. Saber que os nossos pacientes seguem nos esperando e precisando da gente é o que nos motiva. Não podemos e não iremos deixá-los desassistidos.

6. Nestes anos de atendimento, houve algum caso mais marcante?

Cristina Murachco - Cada caso é sempre muito especial porque, como eu disse, a cirurgia é o começo de uma vida nova. Alguns nos marcam de um jeito que é impossível esquecer. Já tivemos uma família que viajou por mais de 20 dias em um tuk-tuk, vindos da Venezuela, para que a filha caçula de seis meses, a Elisabeth, conseguisse a sua cirurgia. Já operamos idosos, como a Dona Maria, que ganhou um sorriso novo aos 67 anos e que, depois de ser operada, realizou o sonho da sua vida: passar um batom. Cada um tem a sua história, a sua luta contra o preconceito e os seus sonhos. Poder fazer parte do começo desses sonhos é algo que nos enche de orgulho e que, com certeza, fica marcado nas nossas vidas e na dos nossos voluntários.

7. Para finalizar, gostaria de deixar algum recado ou mensagem especial?

Cristina Murachco - Gostaríamos de agradecer a Cartos pela confiança no trabalho da Operação Sorriso e pelo início dessa parceria que será muito importante. É graças aos nossos parceiros e doadores que conseguimos manter uma atuação de 24 anos no Brasil. O nosso trabalho é 100% financiado por doações e, por isso, contribuir com a Operação Sorriso significa investir nas pessoas e nos seus sorrisos, dando a elas a oportunidade de uma vida melhor. Seja um doador de sorrisos, contribua com a nossa causa e mude a vida de uma criança e de toda a sua família.

Conheça mais sobre a Operação Sorriso

Desde abril do ano passado, o projeto apoia hospitais e centros de saúde no Brasil, cedendo equipamentos de proteção individual (EPIs), insumos, suprimentos e medicamentos. Já foram doados mais de R$ 5,4 milhões, entre itens como 12 concentradores de oxigênio e 21 ventiladores mecânicos, itens de extrema importância para o enfrentamento da Covid-19. Os ventiladores e os concentradores foram doados para o Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém, no Pará, e para o Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, na cidade de Porto Velho, em Rondônia. Acompanhe o vídeo da missão em Mossoró, em janeiro do ano passado, antes da pandemia, e veja como a Operação Sorriso tem transformado vidas.

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