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Da teoria à prática: como a Responsabilidade Social conquistou espaço e reconhecimento entre as empresas de todos os portes

November 16, 2022tempo de Leitura: 7 min

Levantamento feito em 2020 pela tradicional revista americana de negócios Forbes revelou, pela primeira vez, que o foco da responsabilidade social transcende as preocupações com o meio ambiente e a sociedade. A percepção de 42% dos entrevistados foi a de que uma empresa socialmente responsável pauta suas atividades não apenas em atividades assistencialistas ou de preservação da natureza, mas em ações muito mais amplas.

As pessoas ouvidas associaram uma boa política de responsabilidade social com a forma como a organização lida com o racismo, com as questões de gênero, o preconceito, como trata seus funcionários e as medidas que toma para ajudar a comunidade ao redor de suas instalações.

Outro estudo, realizado em 2016, já antecipou que 75% dos jovens da geração millenium, os nascidos no início da década de 1980, ficariam felizes em reduzir salários se trabalhassem em uma companhia com forte atuação social e que valorizasse os pontos listados acima. Vale destacar que, em 2025, eles representarão três quartos da força de trabalho mundial. Os dados apontados pela pesquisa realizada pela Forbes revelam uma tendência que hoje é percebida pelas pessoas, mas faz parte da preocupação das grandes empresas há muito mais tempo.

Origem do termo e dos projetos

As primeiras iniciativas de responsabilidade social começaram na Europa e nos Estados Unidos, basicamente tendo como foco as boas práticas ambientais, sociais e de governança das companhias. O termo vem do inglês Environmental, Social and Governance (ESG).

No país, as primeiras ações tiveram início em 1960. A área começou a despertar mesmo o interesse dos empresários apenas por volta de 1990, pouco tempo depois da promulgação da Constituição de 1988, que garantiu mais direitos e deveres para todos os cidadãos. Tanto que é considerada a mais "cidadã" de todas, pois reconhece, por exemplo, as culturas indígena e afro-brasileira como partes importantes da formação do país e do povo brasileiro.

Inicialmente, a responsabilidade social no Brasil teve caráter assistencialista. Com o tempo, amadureceu e se estruturou com ajuda de organizações como o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), criado em 1995, e do Instituto Ethos — Empresas e Responsabilidade Social, em 1998. As duas entidades são centros de desenvolvimento de estudos e de ferramentas para fomentar conhecimento entre as empresas. Essa área tem tanta relevância que existe até mesmo uma norma ISO (a ISO 26000:2010), que traça diretrizes a serem seguidas de forma voluntária pelas organizações. Embora aborde princípios, temas e questões para boas práticas nessa área, não visa a certificação das empresas.

Pacto global e as ODS também têm influência

É impossível falar de responsabilidade social sem mencionar essas duas iniciativas da Organização das Nações Unidas (ONU). No ano 2000, a ONU lançou o Pacto Global com o objetivo de mobilizar a comunidade empresarial para adotar valores fundamentais e políticas de responsabilidade social e de sustentabilidade.

O pacto envolve princípios baseados na Declaração Universal de Direitos Humanos, na Declaração da Organização Internacional do Trabalho sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho, na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e na Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção. Organizações signatárias se comprometem a seguir esses princípios no dia a dia de suas atividades.

Em 2015, foi a vez da ONU propor aos países membros uma agenda de desenvolvimento sustentável para os próximos 15 anos, a Agenda 2030, formada por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Esse é um esforço de países, empresas, instituições e da sociedade civil para assegurar os direitos humanos, combater a fome, as mudanças climáticas e alcançar a igualdade de gênero, entre outros temas relevantes.

Novos tempos exigem mais ação

Nos últimos anos, por conta do contexto exposto anteriormente, a responsabilidade social nas empresas se fortaleceu e ganhou mais espaço pela adesão natural a esses objetivos e princípios propagados pela ONU e pelo Pacto Global.

No entanto, a pandemia impôs uma dinâmica totalmente diferente a partir do ano passado. A doença escancarou as diferenças geográficas e sociais e transferiu o foco para as profundas desigualdades sociais, especialmente em nações como o Brasil.

Há no país atualmente 14 milhões de desempregados e 117 milhões de pessoas, segundo levantamento feito pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), vivendo algum tipo de insegurança alimentar — quando o acesso regular e a disponibilidade de alimentos são escassos.

Do ano passado para cá, a percepção que se tem é de que as empresas agiram de forma ainda mais rápida para manter seu compromisso de responsabilidade social ou até ampliá-lo, dependendo do seu entorno. Esse crescimento, que ainda não foi mensurado, pois a mudança aconteceu há um ano, revela que houve sim alterações ou correções de curso neste período.

Cartos Social e o apoio que faz a diferença

A Cartos preza pela realização de projetos de Responsabilidade Social, e assim estruturou a área Cartos Social, com o objetivo de apoiar iniciativas com forte impacto social e que ajudem a transformar a realidade das pessoas. Por isso, a decisão de apoiar atualmente duas organizações sociais se dá porque há um alinhamento de propósito com essas instituições, igualmente focadas no objetivo de transformar a vida das pessoas apoiadas por seus programas.

A Cartos apoia atualmente atividades da Operação Sorriso e da Childhood Brasil. Ambas possuem muita credibilidade e promovem, respectivamente, a inclusão social e o respeito aos direitos básicos de crianças e adolescentes.

A Childhood Brasil atua no país há 22 anos com o objetivo de proteger crianças e adolescentes do abuso e da exploração sexual. Nestes anos, a organização se tornou referência no país pois já desenvolveu e apoiou projetos que vêm transformando a realidade da infância brasileira vulnerável à violência, dando visibilidade e dimensão ao problema, implantando soluções efetivas adotadas por setores empresariais, serviços públicos e educando a sociedade em geral.

Criada pela Rainha Silvia, da Suécia, a Childhood Brasil faz parte da World Childhood Foundation (Childhood), instituição que conta ainda com escritórios na Suécia, na Alemanha e nos Estados Unidos. Certificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), seus programas e projetos já impactaram milhões de pessoas, entre crianças, adolescentes, suas famílias e profissionais de distintos setores.

Por sua vez, a Operação Sorriso chegou ao Brasil em 1997, mas sua história começa em 1982, a partir de uma visita do cirurgião plástico Dr. William P. Magee Jr. e da enfermeira e assistente social Kathleen S. Magee às Filipinas. Eles foram em missão para operar crianças com fissura labial e fenda palatina. Ao constatar que havia muito mais crianças para ajudar do que recursos, voltaram para os Estados Unidos e, a partir do pedido de doações, estruturam o que atualmente é uma das maiores organizações médicas voluntárias do mundo, com presença em 34 países.

No Brasil, o projeto realizou sua primeira correção cirúrgica de fissuras labiopalatinas em 138 crianças, em Fortaleza, assim que aportou no país. Nestes anos, foram realizadas em todo o mundo mais de 314 mil cirurgias em crianças e adultos com esse tipo de malformação.

Aliás, o fato de trazer de volta o sorriso das pessoas está em perfeita sintonia com o slogan da Cartos: "Tudo se transforma com um sorriso". Esse, inclusive, foi o ponto de partida para a organização buscar o apoio da empresa.

Nas próximas semanas serão publicadas matérias sobre estas instituições, com as entrevistas concedidas por seus representantes, para entender como transformam a vida de tantas pessoas. Aguarde!

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