Por mais incrível que pareça, alguns segmentos de negócios ainda são considerados mais masculinos porque são, predominantemente, dominados por homens. O setor Financeiro é um deles.

Com a proximidade do Dia Internacional da Mulher, é essencial mostrar que essa divisão faz parte do passado. Por isso, este mês vamos destacar o trabalho de uma brasileira que rompeu fronteiras na área de Finanças, abrindo caminho para mais mulheres.

Ela é Eufrásia Teixeira Leite que, seguramente, foi a primeira a investir na Bolsa de Valores e a fazer negócios em 17 países, com nove moedas distintas, no fim do século XIX.

Nascida em Vassouras, no estado do Rio de Janeiro, era filha de um produtor de café e uma aristocrata. Desde cedo ouviu falar sobre finanças e cresceu no meio de discussões sobre o tema. Aos 23 anos, ao ficar órfã, embarcou para Paris com a irmã. Durante a viagem conheceu o jornalista e diplomata Joaquim Nabuco, seu grande amor por muitos anos.

Foi na capital francesa que Eufrásia começou a acompanhar o tio, um investidor experiente, aos pregões da Bolsa de Valores. E gostou tanto que, ao começar a investir, valia-se de um corretor que recebia suas ordens e investia, pois, na época, mulheres eram proibidas de participar da roda de negociações.

Possuía uma educação primorosa, pois falava quatro idiomas e devorava jornais, livros e documentos que abordavam o setor de finanças. Assim, foi furando a bolha masculina até que, em 1880, foi operar na Bolsa de Londres e, em 1914, na de Nova York.

Voltou ao Brasil milionária, sem se casar ou ter filhos. Investiu então em ações de companhias nacionais, estimulando seu desenvolvimento, sem esquecer a filantropia, sua profissão. Nessa área, dediciu que, ao morrer, sua herança seria destinada à criação de colégios para moças e rapazes pobres que seriam alfabetizados e preparados para seguir uma profissão na vida adulta. A casa onde morou virou museu e preservou suas roupas de alta costura. Sua herança beneficiou ainda três primos, ex-funcionários e a cidade de Vassouras (há registros que até as pessoas em situação de rua na época receberam algum valor).

Ela representa centenas de mulheres que ousaram romper barreiras de ambientes corporativos considerados eminentemente masculinos, mostrando que competência independe de sexo ou de gênero. Para se ter uma ideia da influência feminina nos mercados, hoje as mulheres representam, por exemplo, 26% dos investidores, conforme dados da B3 S.A - Brasil, Bolsa, Balcão, a Bolsa de Valores de São Paulo. Eufrásia abriu o caminho para todas as outras que a seguiram.