Tendências de negócios para 2021 que você precisa ficar atento
Relatório produzido pela Exame Academy, a plataforma de cursos e estudos dessa revista, e a ACE Startups mostram que algumas tendências que surgiram no ano passado, impulsionadas pela necessidade de as empresas e as pessoas se adaptarem ao cenário da pandemia, vão se fortalecer este ano. Especialistas acreditam que essas mudanças vieram realmente para ficar e transformar as relações de trabalho e de convivência na sociedade.
Os especialistas são praticamente unânimes em afirmar que a necessidade de isolamento social não apenas modificou hábitos, mas tem sido o grande impulsionador dentro das organizações para aderir à transformação digital. Estima-se que o tempo médio necessário para uma pessoa mudar um hábito é em torno de 60 dias. Como o isolamento já passa de um ano, acredita-se que boa parte dessas tendências já se cristalizou na vida do consumidor.
Prova disso é que, em março do ano passado, 12% dos americanos fizeram compras on-line. Um ano depois, esse número saltou para 42%. O percentual de pessoas que trabalham em casa também praticamente quadruplicou em um ano e a maioria afirma que pretende manter as mudanças incorporadas mesmo após a pandemia. A seguir, acompanhe cinco das principais tendências apontadas por especialistas de todo o mundo que trazem mudanças, sim, mas também oportunidades de investimento, como acontece em todo tipo de crise.
1. Migração dos escritórios para o home office
Muitas empresas, antes mesmo da pandemia e que possuíam políticas robustas de recursos humanos, já se preocupavam com a qualidade de vida dos colaboradores, incentivando-os a fazer home office pelo menos alguns dias na semana. Como resultado, tiveram ganhos expressivos de produtividade.
Essa tendência se intensificou, pela necessidade de isolamento. E cidades como Nova York, importante centro financeiro, de repente precisou conviver com a realidade de centenas de prédios comerciais vazios. Com a quebra de empresas e fechamento de lojas, os gigantes do setor imobiliário de lá se anteciparam para lançar projetos que transformam muitos desses espaços em residências.
No Brasil essa tendência não é tão clara, mas o que vimos aqui foi um esvaziamento de áreas mais adensadas, com um claro movimento migratório para o interior e as cidades próximas. A alegação das pessoas que migraram foi buscar imóveis maiores e mais confortáveis. Seguindo esse fluxo, o que se espera em um futuro próximo são negócios home based, ou seja: baseados em casa, na tradução literal.
2. Ganham espaço aplicativos de reuniões virtuais e lives
Com o afastamento das empresas e dos escritórios, o que antes era apenas um recurso para fazer uma comunicação rápida, sem a necessidade de deslocamento, se transformou em ferramenta essencial para tocar os negócios: os apps de videoconferência.
De uma hora para outra, as pessoas se viram obrigadas a aprender a usar esses recursos para se comunicar com seus pares, superiores e até com a família. Em paralelo, as lives também ganharam espaço. Artistas, sem ter como realizar shows, usaram esse recurso para manter seu trabalho em evidência e até para lançar e divulgar novas produções.
Para se ter uma ideia do potencial dessa tendência de crescer muito mais, em um ano as ações do Zoom, uma das plataformas mais conhecidas de reuniões virtuais, valorizou mais de 700% na Nasdaq (a bolsa de valores do segmento de tecnologia).
3. Negócios locais e serviços diferenciados se destacam
Outro ponto que tem merecido o olhar atento dos especialistas é a tendência de as pessoas se preocuparem em valorizar o comércio regional, que está próximo de casa. Isso ocorre por uma razão simples: comodidade.
Vale lembrar também que, em decorrência dos novos hábitos de consumo, será cada vez maior a quantidade de consumidores atrás de serviços de entrega delivery. Portanto, comerciantes locais que ofereçam serviços extras, como a entrega das mercadorias em casa sem cobrança de taxas de entrega, vão se destacar.
Nunca foi tão importante oferecer um benefício a mais que atraia, retenha e fidelize o cliente. Por exemplo: quem tem animais e ama seus pets, fica feliz quando o petshop que frequenta oferece um banho gratuito para o animalzinho por ser um cliente assíduo. Ou o mercado que dá descontos no mês de aniversário do cliente. Outra razão para preferir o negócio local é a necessidade de estimular a economia para que o pequeno comerciante sobreviva à crise.
4. Explosão das mídias e serviços digitais
Um ano após o início do isolamento, pesquisa feita pela Kantar Ibope Media revelou que 58% das pessoas que usam a internet viram mais vídeos neste período, além de conteúdos de streaming pago e TV on-line.
O tempo conectado à frente desse tipo de entretenimento também aumentou para 37 minutos por dia. Da mesma forma, cresceu o interesse por conteúdos para especialização, como cursos no modelo EAD (ensino a distância). Levantamento feito pela Udemy, plataforma de EAD, mostrou que a procura por cursos on-line cresceu 161% no ano passado, especialmente por parte dos mais jovens.
Entre os usuários aumentou também a busca por sistemas de aluguel de softwares caríssimos, por exemplo. Se antes eram comercializados por meio de licenças caras, agora podem ser adquiridos por um valor pago mensalmente. É o que os especialistas chamam de software as a service. Especialistas já falam, inclusive, de outra tendência: a de que tudo se transforme em serviço (everything as a service).
5. Aumenta a busca por negócios e empresas socialmente responsáveis
Nunca foi tão grande a necessidade de buscar produtos e serviços que tenham boas práticas sociais e ambientais. A pandemia serviu de alerta para muitos consumidores, expondo relações de exploração da natureza e do meio ambiente.
Em contrapartida, houve mudança de hábito. Mais consumidores buscam produtos mais naturais e orgânicos, produzidos até localmente. Pesquisa do Mercado Livre, entre junho de 2019 e maio de 2020, mostrou que já havia interesse maior dos consumidores por itens sustentáveis (alimentos orgânicos, escovas de dentes de bambu, xampus em barra entre outros).
O que era tendência só se acentuou e a atenção também se voltou para as empresas e suas práticas. Agora, o cliente quer comprar produtos de organizações social e ambientalmente mais responsáveis e que estejam entre as que possuem boas práticas de governança corporativa. São duas faces do mesmo movimento: consumidores mais conscientes, cortando supérfluos e produtos excessivamente manipulados, mas que também exigem uma postura mais colaborativa das empresas com relação à sociedade.